quinta-feira, 2 de julho de 2009

Carga de Carboidratos e Resistência Atlética


A prática de dar uma carga de carboidratos vem de observações feitas no início da década de 1960 de que a resistência durante exercício vigoroso era limitada primariamente pelos estoques de glicogênio muscular. Claro, glicogênio não é a única fonte de energia para o músculo. Ácidos graxos livres aumentam no sangue durante exercício vigoroso e são utilizados pelo músculo, juntamente com seus estoques de glicogênio. Uma vez que o glicogênio tenha se esgotado, entretanto, o músculo não pode depender inteiramente de ácidos graxos livres sem se cansar rapidamente, provavelmente porque o músculo fica cada vez mais hipóxico durante exercício vigoroso. Enquanto glicogênio é utilizado aerobicamente e anaerobicamente, ácidos graxos só podem ser utilizados aerobicamente. Em condições anaeróbicas, ácidos graxos não podem fornecer ATP em velocidade suficiente para servir como única fonte de energia.

A prática de dar uma carga de carboidratos para aumentar as reservas de glicogênio foi introduzida para atletas de enduro e outras provas de resistência. O regime de carga de carboidratos original consistia de um período de 3 a 4 dias de exercício pesado com uma dieta pobre em carboidratos, seguidos de 1-2 dias de exercício leve com dieta rica em carboidratos. O período inicial de baixo carboidrato e alta demanda energética causavam uma depleção das reservas musculares de glicogênio. A mudança subsequente para uma dieta rica em carboidratos resultava na produção de níveis acima do normal de insulina e hormônio de crescimento, e as reservas de glicogênio chegavam a quase duas vezes as quantidades normais. Essa prática realmente aumentava significativamente a resistência. Em um estudo, indivíduos em teste com dieta rica em gorduras e proteínas tinham menos de 1,6g de glicogênio por 100g de músculo e conseguiam realizar uma carga de trabalho padronizado por apenas 60 minutos. Quando os mesmos indivíduos consumiram uma dieta rica em carboidratos por 3 dias, suas reservas de glicogênio aumentaram para 4g por 100g de músculo, e mesma carga de trabalho foi realizada por até 4 horas.

Embora a técnica evidentemente funcionasse, os atletas frequentemente se sentiam letárgicos e irritáveis durante a fase pobre em carboidrato do regime, e a dieta rica em gordura estava em desacordo com as recomendações atuais para saúde. Estudos recentes indicam que o consumo regular de uma dieta rica em carboidratos complexos e pobre em gordura durante o treinamento aumenta as reservas de glicogênio, sem mudanças súbitas de dieta. Recomendações atuais são de que atletas de provas de resistência consumam uma dieta rica em carboidratos (com enfase em carboidratos complexos) durante o treinamento. Depois, a ingestão de carboidratos é aumentada ainda mais (para 70% das calorias) e o exercício é diminuível durante os 2-3 dias que antecedem o evento atlético. Isto aumenta as reservas de glicogênio muscular até níveis comparáveis aos descritos anteriormente no regime de carga de carboidratos.



Texto retirado de :

Manual de bioquímica com correlações clínicas - Coordenador Thomas M. Devlin

pag.1052-sexta edição-Editora Blucher



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